Blogger templates

Ordered List

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A Agricultura

A Agricultura

Por: Caetano Caetano

Introdução

O trabalho trata basicamente sobre a agricultura e pecuária, alias duas faces da mesma moeda, dada a sua interligação. No desenvolvimento do trabalho encontramos a classificação ou tipos de cada uma das actividades, assim como seus respectivos conceitos, evolução histórica e problemas ambientais provenientes destes.
Tem de se ter em conta a complexidade deste tema, dai que esta compilação de textos, fundamenta-se numa síntese da informação básica acerca do tema, e reforça-se com imagens para melhor compreensão e sugestão de textos de leitura a partir das referências bibliográficas. Costuma-se relevar que a “agricultura é a mãe de todas as artes: quando é bem conduzida, todas as outras artes prosperam; mas quando é negligenciada, todas as outras artes declinam, na terra como no mar”.
A agricultura foi das primeiras actividades a serem praticadas pelos antepassados do ser humano, tendo evoluindo até atingir o grau de desenvolvimento que hoje conhecemos.
Pela sua importância e influência nas sociedades, não pode ser observada isoladamente, mas sim como um fenómeno relacionado com vários sectores e actividades e de salientar que ao nível humanitário a agricultura é essencial.









Agricultura

Os conceitos de agricultura

Os tratadistas mais antigos costumavam definir a agricultura (do latim ager = campo; e cultura = lavra ou cultivo) como a arte de cultivar a terra.
Vários são os conceitos propostos por inúmeros autores acerca da agricultura. Dos diferentes conceitos salientamos:
Agricultura – em sentido lato, o termo inclui o crescimento de culturas agrícolas e a criação de gado; o conjunto da ciência e da prática da lavoura. Em sentido restrito, o termo aplica-se apenas ao desenvolvimento de culturas. (GUEVANE, 2010: 34)

Agricultura – esforço para situar a planta cultivada nas condições óptimas de meio (clima, solo) para lhe tirar o máximo rendimento em quantidade e em qualidade, como definiu Passy; ou segundo Thaer, a agricultura é ainda arte de obter do solo, mantendo sempre a sua fertilidade, o máximo lucro. (SOUSA, 1995: 80)

Agricultura – a artificialização pelo homem do meio natural, com o fim de o tornar mais apto ao desenvolvimento de espécies vegetais e animais, elas próprias melhoradas. Ainda segundo René Dumont, o conceito de artificialização do meio engloba as técnicas culturais, independentemente do seu grau de aplicação. (BARROS, 1974: 07)

A enorme dificuldade em definir agricultura, prende-se com complexidade de que se revestem as actividades humanas, que decorrem em determinado momento histórico, ambiente natural e contexto social. Na sua mais larga acepção a agricultura deve ser encarada como fenómeno social.

Importância da Agricultura

A agricultura representa um facto tão importante na evolução económica dos povos que um historiador francês afirmou a mais admirável descoberta humana, depois do fogo. (JOSUE DE CASTRO, 1964: 123)
Pela sua importância e influência nas sociedades, não pode ser observada isoladamente, mas sim como um fenómeno relacionado com três factores fundamentais: a alimentação e questões humanitárias; a gestão responsável dos recursos do planeta e controlo das consequências ambientais; e, por fim, a economia, na medida em que a agricultura é uma actividade lucrativa que pode ajudar ao desenvolvimento das populações. (foodwewant.org.20/05/2013)
Juntamente com a pecuária, a agricultura ocupa maior extensão de terras e é a base de sobrevivência da população humana, pois fornece-lhe alimentação. A agricultura também fornece matérias-primas para a indústria de produtos alimentares que é a grande fonte de emprego nas sociedades modernas. Em termos de efectivos humanos é a actividade económica que absorve a maior parte da população no Mundo e ocupa cerca de vinte e um milhões de quilómetros quadrados, ou seja, cerca de 16% das terras emersas. (MANSO e VICTOR, 2010: 72)

Na história a descoberta da agricultura, que se pode ter dado por imitação dos animais ou por simples criação humana, pôde o homem alcançar um grau de cultura mais elevado, atendo-se a um género mais cómodo e seguro do que do período de vida errante. (JOSUE DE CASTRO, 1964: 124)

Evolução Histórica da Agricultura

A agricultura teve o seu início há cerca de 10-12 mil anos na região situada entre os rios Nilo, Tigre e Eufrates, conhecida por Crescente Fértil. O cultivo intencional de cereais está associado à sedentarização das populações e à passagem de uma economia recolectora para uma economia produtiva, geradora de excedentes e baseada na exploração da terra. (ALMEIDA, 2004: 05)

A Agricultura começa a difundir-se no Sueste Asiático por volta do VI milénio a.C.; no continente americano (berço do milho, batata, feijão, abóbora e ananás) cerca de 5 mil anos a.C.; no Extremo Oriente (berço do arroz) no 3º milénio a.C.; e no Vale Indo a 2500 a.C. (NANJOLO, s/d: 33)

Na Antiguidade, o campo era o espaço de produção e a cidade o espaço de circulação e de consumo das mercadorias produzidas. Civilizações como Mesopotâmia e Egipto eram sustentadas pelo trabalho dos camponeses, o excedente servia de tributo aos governantes.
Na Idade Média, o trabalho agrícola cabia aos servos, e o excedente da produção alimentava os senhores feudais (inclusive o clero) e os seus exércitos.
Nas sociedades pré-industriais, o campo abrigava a grande maioria da população e era responsável pela quase totalidade da produção da riqueza.
Um conjunto de transformações nas técnicas de cultivo, conhecido como Revolução Agrícola, precedeu e preparou a Revolução Industrial.
Nas economias modernas, o mercado urbano (de alimentos e matéria-prima) determina a produção agrícola. A produção rural especializa-se e passa, de um lado, a atender as demandas da cidade e, de outro, a depender das cidades para o abastecimento de maquinaria, insumos e alimentos industrializados. A cidade torna-se centro dentro de transformação industrial e de redistribuição da totalidade dessa produção. (GUEVANE, 2010: 35)

Análise do espaço agrário

O espaço agrário diz respeito aos campos cultivados, construções de que lhe servem de apoio (espigueiros, cortes de gado…), casas de habitação, caminhos que ligam as parcelas entre si, canais de irrigação, espaços incultos e bosques. (SANTOS e LOPES, 2003: 107)
O espaço agrário não deve ser confundido com o espaço agrícola, pois este último compreende apenas o espaço ocupado pela agricultura, ou seja, o local onde se cultiva a terra com a introdução de culturas ou plantas. (MANSO e VICTOR: 2010: 60)

Morfologia agrária – Paisagens agrárias

As parcelas típicas do espaço agrário são os campos abertos ou openfield.
Os campos abertos são caracterizados por apresentarem uma uniformidade: campos em forma de tiras compridas e estreitas sem divisória. São ainda caracterizados por não possuírem árvores, o que confere certa monotonia às paisagens. A rede de caminhos rurais nem sempre possibilita que se chegue a cada parcela. Regra geral o povoamento agrupado anda associado ao openfield e apesar desta parcela apresentar alguma uniformidade, as paisagens do campo aberto nem sempre apresentam semelhanças.
Por outro lado, uma paisagem de campo fechado, o bocage, caracteriza-se pela sua grande diversidade. O bocage é sempre uma consequência da dispersão do povoamento. O campo fechado apresenta diversas formas, desde quadradas, passando pelas rectangulares e irregulares. Há situações em que todas as parcelas são fechadas, noutros, contrariamente, apenas algumas o são. Aí, está-se diante de um semi-bocage. (MANSO e VICTOR: 2010: 61)

Factores de organização do espaço agrário

Por detrás da irregular distribuição da prática agrícola, interferem vários factores onde destacam-se os factores físico-naturais (como o clima, solo e relevo) e os factores humanos (desenvolvimento tecnológico, tradições culturais, organização económica, estabilidade/instabilidade politica e social, etc.).

Factores físico-naturais

As plantas cultivadas exigem, para crescer, uma certa quantidade de água  calor, repartidos de modo preciso ao longo do ano. De uma maneira geral, são os valores mínimos (frio e secura) que impõem os limites absolutos.
Os factores naturais que comandam a organização do espaço agrário e cuja acção se exerce sobre a produção agrícola são:
·         O clima (temperatura, precipitação, vento e humidade).
·         O relevo.
·         O solo. (MANSO e VICTOR: 2010: 61)

Clima

plantas tropicais, por exemplo, como a cana-sacarina, o cacau e o café que não podem ser plantadas noutro clima que não o tropical; o mesmo acontece com o trigo e a cevada, que são plantas adaptadas ao clima temperada e a aveia, que é típica de climas frios.
Quando as plantas são de ciclo vegetativo curto, ou seja, levam menos de seis meses entre o plantio e a colheita, podem adaptar-se a vários tipos de climas. O trigo, cultura típica de climas temperados é cultivado em regiões frias, quando a variedade cultivada é de ciclo vegetativo curto.
Nos desertos e regiões semi-áridas, a agricultura também só é possível com a irrigação e cor plantas que se adaptem bem aos climas secos. Onde o solo fica congelado durante grande parte do ano (permafrost), é óbvio que apenas as poucas plantas que se adaptar a baixas temperaturas e que possuem um ciclo vegetativo curto possam sobreviver.
As terras do hemisfério sul são as mais favorecidas relativamente à temperatura, comparativamente às do hemisfério norte. Isto acontece por estarem mais próximo do equador e devido à fraca continentalidade do hemisfério sul. Também a grande extensão oceânica modera o clima da porção de terra arável.
A agricultura depende igualmente da disponibilidade de água (rede hidrográfica). As grandes civilizações, quer da Antiguidade e mesmo dos países que asseguraram actualmente a segurança alimentar, fazem-no e o seu desenvolvimento foi possível graças ao controlo da água. Temos os casos das civilizações da Mesopotâmia, do vale do Indo. (MANSO e VICTOR: 2010: 62)

Solos

O solo constitui um dos elementos fundamentais para a prática da agricultura. Por um lado, porque é ele o meio de suporte para as plantas se fixarem, através das suas raízes, por outro, porque é dele que as plantas retiram os nutrientes necessários para a sua alimentação.
Um solo forma-se a partir da alteração e desagregação das rochas, em resultado de uma contínua e prolongada exposição destas à acção dos agentes atmosféricos. A sua evolução ocorre lentamente e sob a influência de factores climáticos e biológicos (vegetais e animais), que facilitam ou dificultam o processo.
Da composição de um solo fazem normalmente parte: fragmentos da rocha-mãe, alterados e de tamanho variável; argilas; iões minerais, que são a base da nutrição das plantas; e húmus. Todos estes componentes podem ser facilmente observados no respectivo perfil.
A fertilidade do solo depende da percentagem adequada dos componentes anteriormente referidos e ainda da água e do ar.
Os solos mais férteis para a agricultura, aqueles que são mais ricos em húmus, localizam-se principalmente nas regiões temperadas. Pelo contrário, os solos das regiões desérticas quentes, das regiões tropicais e das áreas frias, são geralmente pobres.
O Homem pode actualmente proceder a melhoramentos nos solos, com o objectivo de os tornar mais produtivos através de técnicas várias, de entre as quais se salientam a fertilização e a irrigação. (SANTOS e LOPES, 2003: 111)

Relevo

O relevo ou factores topográficos constituem a altitude, as formas de relevo e as diferentes exposições dos locais ao sol e aos ventos e também a posição topográfica do solo em relação em relação ao nível de águas subterrâneas.
Estes factos conduzem de acordo a latitude à escalonamentos diferentes das culturas em altitude.
A inclinação das vertentes dificulta a agricultura à medida que aumenta o pendor, levanta o homem em certos casos a praticar a agricultura em socalcos. Este tipo de cultivo de plantas surge em áreas acidentados, onde há necessidade do aproveitamento dos espaços. Este tipo de paisagens predomina na Europa Mediterrânica no Sudeste Asiático e também nos vales andinos. (NANJOLO, s/d: 34)



Factores humanos (socioeconómicos)

Fazem parte deste grupo os factores históricos, os demográficos, os sociais, bem como os económicos.
Neste grupo de factores o aspecto demográfico joga um papel importante se considerar-se, por exemplo, o efectivo populacional num determinado espaço territorial (a dimensão do mercado consumidor).
Quanto ao aspecto sociológico é importante não desvalorizar a desigualdade social, as raças, bem como as etnias. Ainda no que respeita ao desenvolvimento e localização da produção agrícola, é importante considerar os aspectos económicos, isto é, se o que prevalece é uma economia de subsistência ou de mercado (ou um outro tipo) e o grau de interferência dessa realidade. Associado ao que se referiu, estão os aspectos técnicos que, conjuntamente com os anteriores, podem condicionar em que medida se pode fazer a protecção das espécies vegetais, a fertilização, a irrigação, os níveis de mecanização, etc. (GUEVANE, 2010: 39)

Os sistemas agrários – Tipos de agricultura

Sistemas agrários são o conjunto que inclui o enquadramento das culturas no seu aspecto espacial (forma e dimensão da propriedade) e temporal (culturas existentes) e pelas relações com as técnicas e praticas sociais. (NANJOLO, s/d: 35)
Os sistemas agrários mundiais são essencialmente dois: a agricultura moderna e a agricultura tradicional.

Agricultura Tradicional

A agricultura tradicional ou de subsistência, tal como o seu nome indica tem como base técnicas rudimentares, herdadas de tempos muito recuados, e visa apenas a satisfação das necessidades alimentares de quem a pratica e do seu agregado familiar. Fornecendo um mínimo vital de sobrevivência, sem excedentes, caracteriza-se também por:
·         Empregar exclusiva mente a força humana e/ou animal e exigir que todos trabalhem mulheres, velhos e crianças,
·         Ser uma agricultura que se pratica ao sabor das condições meteorológicas.
É, por isso, uma forma de agricultura primitiva. Nela se ocupam ainda, mais de 2 mil milhões de seres humanos cujos países vivem quase exclusivamente desta actividade.
Até à primeira metade do séc. XVIII toda a agricultura praticada era tradicional, de subsistência, sem quaisquer técnicas dignas de nota. (M.LEITE et al, 1985: 36)
A agricultura tradicional engloba diferentes práticas agrícolas, de que se destacam a agricultura itinerante, sedentária, de oásis e da Ásia das Monções.

Agricultura itinerante ou de queimada

Pelas suas características, a agricultura itinerante ou de queimadas assemelha-se àquela que foi praticada pelas comunidades do Neolítico. Actualmente é praticada na maioria dos países pobres e em vias de desenvolvimento (principalmente nas suas áreas mais atrasadas); tem-se como exemplos, as florestas da região equatorial, savanas da África Central, América do Sul, Indochina e indonésia. Utiliza-se pouca e fraca tecnologia, não usa adubos químicos e desgasta o solo (queimadas e devastação). Com solo pouco fértil essa população tende a transferir-se para outras regiões.
Nas comunidades onde se pratica este tipo de agricultura, as densidades populacionais são baixas e o habitat é do tipo agrupado, devido às condições de vida precária, aos trabalhos agrícolas mais importantes serem comuns e a necessidade de defesa dos animais selvagens ou a laços sociológicos de sangue. (MANSO e VICTOR, 2010: 67)

Agricultura de sequeiro

Localizada na zona intertropical, apesar da escassez da água, praticam uma agricultura não irrigada, de sequeiro.
Usam técnicas engenhosas e minuciosas que permitem uma cultura intensiva e vão alimentar fortes densidades populacionais. É a este tipo de agricultura que estão ligadas as mais elevadas densidades humanas em África, devido ao maior rendimento dos solos. A criação de gado garante a estrumação da terra.
Há muitas vezes uma concentração em grandes aldeias de paisagem rural de campo aberto permanentemente intensiva.
A área de cultivo está dividida em três folhas separadas por sebes de arbustos espinhosos onde se pratica um afolhamento com rotação trienal de culturas e pousio. (M. LEITE et al, 1985: 44)

Agricultura de oásis

E um tipo de agricultura muito particular que é praticada no Norte de África (deserto do Saara).
É um sistema de policultura, tem extrema divisão de propriedade, possui uma presença assinalável A árvores como palmeiras e tamareiras, indispensáveis para a alimentação, sombra e contenção do avanço das areias do deserto. (MANSO e VICTOR, 2010: 69)
M. LEITE et al (1985: 46) sugere que os oásis mais característicos resultam de uma toalha de água subterrânea (toalha freática).

Agricultura da Ásia das Monções ou rizicultura

Nos países do Extremo Oriente Japão, Coreia e China) e nos do Sudeste Asiático (Birmânia, Tailândia, Filipinas, Malásia, Indonésia, Vietname e outros), o arroz é o alimento básico. Este é cultivado nas planícies e nos deltas dos rios, além de nas encostas de montanhas.
E um trabalho que exige muita mão-de-obra. Isso é o que não falta no sudeste asiático e na China, pois são locais densamente povoadas. A fertilidade do solo mantém-se e renova-se constantemente graças à deposição de sedimentos que as aguas realizar e à utilização de excrementos animais e humanos. O trabalho é praticamente manual.
Possuindo duas colheitas anuais de arroz, os agricultores conseguem elevados rendimentos com instrumentos de trabalho primitivos. (MANSO e VICTOR, 2010: 68)

       Formas de cultura


Características
Agricultura Tradicional
Agricultura moderna
Itinerante
De sequeiro
De oásis
De plantação
Localização
Floresta Equatorial
Clima tropical
Estepe
Savana
Clima desértico quente: oásis
Áreas colonizadas
Ocupação do solo
Extensiva; rotação de culturas
1ª Aureola:
Intensiva
2ª Aureola:
Extensiva com rotação de culturas, pousio e afolhamento trienal

Intensiva com alternância de culturas
Intensiva
Tipos de cultura
Policultura
Policultura
Policultura
Monocultura
Sistemas de cultura
Técnicas de cultura
Utilização dos adubos
Cinzas
Excrementos
Cinzas
Excrementos
Cinzas
Adubos químicos
Grau de mecanização
Rudimentares
Rudimentares
Rudimentares
Elevado
Processos de irrigação
Não existem
Não existem
Poços
Cegonhas
Noras
Aspersores gota-a-gota
Apoio científico
Não existe
Não existe
Não existe
Existe
Estrutura fundiária
Minifúndio
Minifúndio
Minifúndio
Latifúndio
Criação de gado
Não existe
Existe
Existe
Existe
Rendimento e produtividade
Baixo
Baixo
Baixo
Elevado
Destino da produção
Autoconsumo
Autoconsumo
Autoconsumo
Mercado
Adaptado de MANSO E VICTOR, 2010: 70

Agricultura moderna

A agricultura moderna surge na sequência da Revolução Industrial, conduzida pela técnica que veio generalizar o uso da máquina e substituir o homem e o animal no trabalho da terra.
Trata-se de uma agricultura especulativa que se notabiliza pelo elevado nível técnico, procurando produzir o “máximo pelo mínimo”. A agricultura moderna não vive divorciada da indústria, pois esta fornece-lhe maquinaria e a agricultura disponibiliza a indústria matéria-prima. (M. LEITE et al, 1985: 44)

A agricultura moderna apoia-se cada vez mais na investigação científica e na indústria para aperfeiçoar as técnicas e métodos de cultura e depender cada vez menos dos condicionalismos físico-naturais. No mundo de hoje, a agricultura utiliza aspectos cada vez mais sofisticados, onda de forma clara, os computadores e a electrónica desempenham um papel cada vez maior O agricultor moderno possui cada vez mais formação e um conjunto de recursos técnicos e tecnológico que lhe permitem com menor esforço produzir quantidades progressivamente maiores e de melhor qualidade, dispensando muita mão-de-obra.
A agricultura moderna acarreta maiores investimentos de capitais, destina-se ao mercado (exportação), ocupa maiores extensões de terrenos e não está totalmente dependente das condições físico-naturais, entre outras características.
Este tipo de agricultura pratica-se nos países desenvolvidos (Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Europa Ocidental e Japão) e surge ao lado da agricultura tradicional de alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, a Argentina e o caso da China. (MANSO E VICTOR, 2010: 71).

Agricultura moderna de plantações

Nos países em desenvolvimento da zona intertropical, ao lado da agricultura de subsistência, existe uma forma especial de agricultura moderna, que é a agricultura de plantação, embora quase sempre explorada por empresas estrangeiras.
Frequentemente, as melhores terras são aí exploradas por este tipo de agricultura, em detrimento da agricultura de subsistência. Este tipo de agricultura surgiu com a expansão europeia, com a colonização das terras tropicais os europeus concentraram grandes extensões de terras e introduziram culturas cujo propósito era o de abastecer a Europa. (MANSO E VICTOR, 2010: 71).

Agricultura Biológica

Recentemente, nos países desenvolvidos, começou a desenvolver-se uma agricultura biológica Trata-se de uma agricultura ecológica que, embora apoiada na investigação científica, recusa a aplicação de técnicas industriais, bem como a utilização de produtos químicos.
A fertilização dos solos é obtida pela rotação de culturas e pela utilização de adubos naturais. A prevenção das doenças e das pragas é conseguida por intermédio de outros seres vivos, tanto de origem animal como vegetal. (SANTOS e LOPES, 2003: 118)

Actividade Pecuária

Conceito

A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico (Idade da Pedra Polida), quando o homem teve a necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne e leite.
A pecuária corresponde a qualquer actividade ligada a criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a criação de bois, porcos, aves, cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos, etc. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e é destinada a produção de alimentos, tais como, carne, leite, couro, lã, etc. (suapesquisa.com/pesquisa/pecuaria.htm, 20/05/2013)
Segundo SANTOS & MARION (1996: 26), “pecuária é a arte de criar e tratar o gado”.

Importância da pecuária

A actividade pecuária desenvolve-se no meio rural e destina-se sobretudo a produção de alimentos e de matérias-primas para a actividade artesanal e industrial. Os animais constituem, assim, importante fonte de proteína, de estrume para fertilizar o solo, alem do valor símbolo que eles assumem nalgumas regiões.
Trata-se de uma actividade importante para a economia do país, pois é uma fonte de acumulação de capital e proporciona empregos nos espaços rurais e não só.
Com a criação de gado bovino promovem-se outras actividades como a produção de leite e seus derivados, queijos, iogurtes, entre outros, além da produção de couro, que sustenta a produção de material diverso a partir desta matéria-prima, entre outros aspectos. (DA SILVA, 2010: 71)

Factores de desenvolvimento da pecuária e sua localização

Factores naturais

As condições naturais são especialmente adequadas para o desenvolvimento do gado, nas diversas regiões do globo. Nas regiões tropicais, quentes e húmidas, numerosos parasitas e as doenças existentes são responsáveis pela redução dos efectivos populacionais. Por isso a pecuária tem aí pouca importância. Os climas quentes e secos (savanas e desertos), são zonas com ambientes pouco acolhedores para os animais. Porém, prospera a criação de gado pouco exigente na alimentação (carneiros, ovelhas, cabras e camelos).
Nas regiões temperadas, a suavidade das temperaturas e a abundância relativa das chuvas favorece o desenvolvimento das pastagens. Estas condições tornam favorável o desenvolvimento dos pastos, sobretudo para o gado bovino que exige clima ameno é pastagens sempre frescas. (MANSO e VICTOR, 2010: 73)

Factores humanos e técnicos

Os factores sociais e económicos condicionantes da criação do gado são:
·         O aumento gradual de consumo nos centros urbanos e a difusão dos produtos animais tanto nas cidades como nas zonas rurais, incentivando assim a pecuária como actividade económica;
·         O desenvolvimento dos meios de transporte e a difusão dos matadouros, frigoríficos e indústrias de conservas alimentícias;
·         A modernização dos processos de frigorificação e de conservação da carne e do leite;
·         Desenvolvimento da zootecnia, ciência ligada ao aprimoramento dos animais úteis.
Outro motivo que condiciona a criação do gado é a religião. (MANSO e VICTOR, 2010: 74)

Tipos de gado

Os principais tipos de gado são: gado asinino (os asnos também denominados burros); gado bovino ou vacum (os bovinos e algumas espécies de búfalo); gado caprino (as cabras); gado cavalar ou equino (os cavalos); gado muar (as mulas); gado rangífero (as renas); gado suíno (os porcos domésticos); gado ovino (as ovelhas). (pt.wikipedia.org/wiki/Gad, 20/06/2013)

Tipos de pecuária

Atendendo às diferentes formas de criação de gado podemos falar essencialmente de dois tipos de pecuária: a tradicional e a moderna.

Pecuária tradicional ou extensiva

A pecuária tradicional anda normalmente associada à prática da agricultura, servindo-lhe de complemento.
Das suas características destacam-se:
·         A alimentação do gado é feita de forma natural (prados naturais);
·         A selecção de espécies (raças) é praticamente inexistente:
·         A assistência veterinária é reduzida ou nula;
·         A quantidade de mão-de-obra é elevada e apresenta um baixo nível de qualificação;
·         Os níveis de produtividade são baixos.
Esta forma de produção animal é característica dos países subdesenvolvidos do Mundo. No entanto, em muitas regiões desenvolvidas do Globo existem, também, comunidades que praticam este tipo de pecuária. (SANTOS e LOPES, 2003: 122)

Pecuária moderna ou intensiva

Na pecuária moderna:
·         A alimentação é estudada e fornecida sob a forma de rações, forragens e vários tipos de aditivos de preparação laboratorial;
·         É feita a selecção de espécies e, consequentemente, o apuramento de raças;
·         A assistência veterinária é boa:
·         A quantidade de mão-de-obra é reduzida e a sua qualificação é elevada;
·         Os níveis de produtividade são elevados.
Este tipo de pecuária é essencialmente praticado nos países desenvolvidos do mundo. (SANTOS e LOPES, 2003: 123)

Distribuição dos principais produtos agro-pecuários

Os produtos que possuem a maior importância na alimentação humana, onde o trigo é o mais importante de todos, seguido do arroz e o milho. A cevada e o centeio são os seguintes mais importantes, embora tenham um papel minto menos relevante na alimentação humana.

Trigo

A Europa e a América do Norte, conjuntamente, detêm aproximadamente 40% da produção mundial. Por países, o primeiro lugar cabe a China, a seguir a Índia, Estados Unidos da América, Rússia, Franca e Canada. Porem, os principais exportadores são os Estados Unidos, que detém cerca de 26% do comércio mundial do trigo, seguindo-se a França (21,9%) e a Austrália (11,9%).

Arroz

Países que mais se destacam nesta actividade são a China, índia, Bangladesh e Tailândia e estes países ocupam 75% da produção mundial, a Ásia das Monções.

Milho

É o cereal mais utilizado na alimentação do homem principalmente em África e América Latina e é também alimentação de gado Bovino, o suíno e na avicultura. Destacam-se os EUA como maiores produtores do mundo em 1992, produzindo 40% do total, seguindo a china com 19,4%.Os EUA foram considerados o maior exportador com cerca de 68% do comércio mundial deste cereal. (MANSO e VICTOR, 2010: 78-81)

Gado

A produção de gado bovino assume maior expressão nas áreas de clima suave e onde os níveis de precipitação favorecem a existência de boas pastagens.
Os maiores produtores de gado bovino (produção de carne) são os Estados Unidos da América.
O gado ovino e caprino é menos exigente no que diz respeito à alimentação, conseguindo sobreviver em regiões de clima seco onde as pastagens são relativamente pobres.
Os principais produtores de carne de ovino e de caprino são a China e a Austrália.
O gado suíno tem aumentado devido a ser de criação relativamente fácil. O maior produtor mundial é a China, com um valor próximo dos 35 milhões de toneladas de carne, seguindo-se-lhe os Estados Unidos da América.
A produção avícola é, actualmente, dominada pelos Estados Unidos da América e pela Federação Russa. (SANTOS e LOPES, 2003: 124)



Principais problemas ambientais decorrentes da actividade agropecuária

A agropecuária é o conjunto das actividades ligadas à agricultura e à pecuária. Apresenta grande importância para a humanidade e para a economia, visto que sua produção é destinada ao consumo humano e para a venda dos produtos obtidos. No entanto, vários problemas ambientais estão sendo desencadeados em virtude da expansão da agropecuária e da utilização de métodos para o cultivo e criação de animais.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da cobertura vegetal provoca a redução da biodiversidade, extinção de espécies animais e vegetais, desertificação, erosão, redução dos nutrientes do solo, contribui para o aquecimento global, entre outros danos.
As queimadas, método muito utilizado para a retirada da vegetação original, intensificam a poluição atmosférica, além de reduzirem os nutrientes do solo, sendo necessário usar uma quantidade maior de produtos químicos (fertilizantes) durante o cultivo de determinados alimentos, fato que provoca a poluição do solo.
Outro agravante é a utilização de agrotóxicos (insecticidas e herbicidas), que contaminam o solo, o lençol freático e os rios. Esses produtos, destinados à eliminação de insectos nas plantações, infiltram-se no solo e atingem as águas subterrâneas. As águas das chuvas, ao escoarem nessas plantações, podem transportar os agrotóxicos para os rios, causando a contaminação da água.
Na pecuária, além da substituição da cobertura vegetal pelas pastagens, outro problema ambiental é a compactação do solo gerada pelo deslocamento dos rebanhos. O solo compactado dificulta a infiltração da água e aumenta o escoamento superficial, podendo gerar erosões. Esses animais, através da liberação de gás metano, também contribuem para a intensificação do aquecimento global.
Portanto, diante da necessidade de produzir alimentos para atender a demanda global e ao mesmo tempo preservar a natureza, é necessário que métodos sustentáveis sejam implantados na agropecuária, de forma a reduzir os problemas ambientais provocados por essa actividade. O pousio, por exemplo, é uma técnica que visa o “descanso” do solo até que haja a recuperação da sua fertilidade.
Relativamente a solução destes problemas passa por: terreceamento ou cortes da velocidade da agua; curvas de nível em terrenos de baixo declive; associação de culturas; educação ambiental e substituição ou redução da criação por exemplo do gado bovino por outros menos poluentes. (mundoeducacao.com.br/geografia/a-agropecuaria-os-problemas-ambientais.htm, 20/05/2013)

 

 






Conclusão

Concluiu-se que a agricultura é uma actividade muito importante que acompanha a vida do homem, desta inserção resulta até mesmo a própria convergência em diferentes definições desta, pelo que a própria pecuária se relaciona.
As actividades em menção constituem hoje actividades associadas ao homem, a verdade, a sua existência remota os tempos mais antigos que o ser humano começa a ser sedentário, daí que o homem com a necessidade de ter por perto, para a sua alimentação quando for necessário. O homem passou por vários processos da evolução, desenvolvimento de técnicas e tecnologias avançadas e a visão ampla, isto é a medida em que o homem desenvolvia, também as suas actividades como: a pecuária ganhava o espaço e outras dinâmicas como podemos ver: a chegada da revolução industrial aumentou a produção e produtividade com aplicação de técnicas avançadas, tornando assim a pecuária uma actividade socioeconómica.
Os diferentes sistemas, tradicional ou moderna, sejam eles da agricultura assim como da pecuária, resultam em grande medida do próprio nível de desenvolvimento de cada região ou país conjuntamente um vasto leque de factores naturais e humanos.








Bibliografia


ANTUNES, João. Geografia 9.º Ano de Escolaridade. Lisboa, Plátano Editora. 1990.

GUEVANE, Luiz. G12-Geografia 12.ª classe. 1.ª ed. Maputo. Texto Editores. 2010. 160 pp.

CASTRO, Josué de, Ensaios de geografia humana, São Paulo, Editora Brasiliense, 1959, 282 pp.

DA SILVA, José Julião, Geografia - 10.ª Classe, 1.ª ed., Maputo, Plural Editores, 2010, 128 pp.

MANSO, Francisco, VICTOR, Ringo. Pré-Universitario – Geografia 12. 1.ª ed. Maputo. Longman Moçambique. 2010. 192 pp.

M. LEITE, Idalina, DA CRUZ, M. Pereira, MAGALHÃES, J. Esmeralda (coord.), Geografia nove – 9.º Ano de Escolaridade, Lisboa, Areal Editores, 1985

NANJOLO, Luís A., Geografia 9.ª Classe, Maputo, Diname, s/d, 80 pp.

SANTOS, Fernando, LOPES, Francisco. Espaço Mundial Geo. 9.º - 3.º Ciclo do Ensino Básico – 9.º Ano. 1.ª ed., Edições ASA, Lisboa, 2003, 288 pp.

SOUSA, Júlio, Enciclopédia agrícola brasileira: A-B, 1.ª ed., EdUSP, São Paulo, 1995, 508 pp.

Fontes Web